domingo, 3 de março de 2013

one.

 Um regresso ao coração. Como uma viagem começada há muito tempo, terminada apenas agora. Arrumar gavetas, trancar armários, deitar as chaves fora. Quando nos dizem que somos capazes de algo, devemos aceitar que somos. Se outros vêm força em nós, porque não vê-la também? Porquê o "vai passar"?  Porquê acreditar que o tempo cura? O tempo não cura nada. O tempo é uma anestesia fraquinha, à espera que qualquer memória que transforme em dor, te deite por terra, acabe contigo. Quando chegam os entendidos, dizem-te que o amor é uma doença, dizem-te que existe cura mas não te dizem qual é. Aí tu corres clínicas, entras e sais em urgência, visitas incansavelmente todos os hospitais. Bisturis, compressas, cortes, cicatrizes. Corredores de espera, de sofrimento, de dúvida. E quando menos esperamos, encontrar força onde achamos que não a temos. Tenho as feridas cicatrizadas. As tuas manifestações passaram de carne exposta a pontos, agulhas e linhas. As lágrimas que te pertenciam, a ti foram entregues. Não me resta nada de ti, não tenho nada teu, não te devo nada. Desintoxicação do amor que não me deste. Por quem gosta de mim, por quem sempre me quis cá em cima, centrei-me no essencial. Um regresso ao coração, de coração.





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